TAP inverte tendência de oferta excessiva; Ocupação dos voos sobe há três meses seguidos
Click here for more news / Clique aqui para mais notícias
A TAP atingiu em Junho a melhor taxa de ocupação dos voos desde Outubro de 2007, vendendo 70,4% disponível, e completou três meses consecutivos de melhoria face a 2008, mostrando que a companhia está finalmente a ajustar a capacidade aos tempos de crise na aviação mundial.
Dados a que o PressTUR teve acesso indicam que a TAP subiu a taxa de ocupação em 5,68 pontos em Abril, a que se seguiu uma melhoria de 0,59 pontos em Maio e um aumento de 4,46 pontos em Junho.
Desde Outubro de 2006 que a TAP não tinha três meses consecutivos de subida da taxa de ocupação dos voos, que é um dos indicadores mais escrutinados pelas organizações internacionais, designadamente pela IATA, que tem chamado a atenção para a necessidade de as companhias ajustarem a capacidade aos tempos de crise que a aviação comercial está a viver.
Ainda a 25 de Junho, ao comentar a evolução do tráfego internacional a nível mundial no mês de Maio, designadamente a queda da taxa média de ocupação dos voos, o CEO e director-geral da IATA, Giovanni Bisignani, destacava que a “capacidade não está alinhada com a procura” e que “o impacto na receita é dramático”.
Os dados a que o PressTUR teve acesso indicam que a evolução da taxa de ocupação da TAP tem sido determinada por um forte ajustamento em baixa da capacidade (em ASK, do inglês para lugares x quilómetros percorridos) designadamente desde Maio.
Neste mês a TAP reduziu a capacidade em 15,9% e em Junho o corte foi ampliado para 18,4%, o que compensou as quedas da procura (em RPK, do inglês para passageiros x quilómetros percorridos), em 15,2% em Maio e em 12,6% em Junho.
Em Abril, a situação foi diversa uma vez que, sendo este ano o mês da Páscoa, que em 2008 foi em Março, a subida da taxa de ocupação dá-se por um aumento da procura em 4,9%, embora também com um contributo da redução de capacidade (em 3,7%).
Abril marcou assim, de acordo com os dados a que o PressTUR teve acesso, o fim de uma série de 21 meses consecutivos de queda da taxa de ocupação, que atingiu o pico em Abril de 2008, com uma redução de 12,2 pontos face ao mês homólogo de 2007.
Fontes da aviação contactadas pelo PressTUR comentaram que o facto de a TAP ter acentuado as reduções de capacidade nos últimos meses indica que está a atribuir maior prioridade à melhoria da taxa de ocupação, tanto mais que do lado das tarifas a crise parece ter um impacto ainda mais forte, como o tem mostrado a IATA.
A aviação comercial segue de perto a evolução da receita unitária, que à semelhança da RevPAR na hotelaria dá uma ponderação do preço pela ocupação da capacidade disponível, ou seja, no caso da aviação, pondera o yield, valor a que as companhias conseguem vender cada RPK (passageiro x quilómetro), pela taxa ocupação (RPK/ASK).
Assim, explicaram essas fontes, a rentabilização da capacidade colocada no mercado tanto se pode fazer por um yield maior ainda que com uma ocupação menor, como por um yield menor mas com uma ocupação maior, dependendo do quadro de mercado que se coloca.
O PressTUR não obteve dados de receita da TAP, mas as informações que a IATA tem divulgado evidenciam que a queda das tarifas tem sido inclusivamente mais acentuada que a queda do tráfego, e designadamente para as chamadas companhias de rede, que têm as maiores fatias do chamado tráfego premium (de tarifas mais altas, de executiva e primeira classe).
A IATA indicava em 25 de Junho, ao analisar os dados de Abril, que o excesso de capacidade com que o mercado se defrontou levou a uma queda das tarifas mais económicas em 15% e das tarifas premium em 20%.
As fontes contactadas pelo PressTUR assinalaram que neste quadro, a TAP, que desde Abril de 2006 se contava entre as companhias europeias de rede associadas da AEA com maiores aumentos homólogos de capacidade, ainda que com “sacrifício” da taxa de ocupação (embora não necessariamente em volume das vendas, uma vez que o montante é também determinado pelo yield), parece ter realinhado a estratégia, e em Maio passado foi das que mais reduziu capacidade.
As mesmas fontes destacaram ainda que a melhoria da taxa de ocupação pode ser um dos caminhos para melhorar a rentabilidade da companhia, que em 2008 teve os maiores prejuízos de sempre, no montante de 285 milhões de euros, mas que não são conhecidos ainda dados sobre a evolução recente.
Em Maio, o CEO da TAP, Fernando Pinto, comentava que no primeiro quadrimestre a companhia estava “bem melhor” do que esperava, mas sem pormenorizar.
À partida sabe-se que ao reduzir capacidade as companhias aéreas reduzem uma fatia importante de custos (os chamados custos variáveis, onde avulta o combustível), mas também diminuem o potencial de receita para cobrir os chamados custos fixos, entre os quais avultam a frota e o pessoal.
É por essa razão que nos últimos meses várias companhias têm anunciado cortes de frota, optando por retirar de operação aviões mais antigos, que normalmente já estão amortizados e são menos eficientes, nomeadamente em consumo de fuel, e de pessoal.
No caso da TAP, porém, a frota é bastante moderna, e por conseguinte com financiamentos a cobrir, e reduções de pessoal, ainda que por mútuo acordo, implicam despesa imediata e, por conseguinte, depauperar a tesouraria da companhia.