Parentes de vítimas do voo 3054 aguardam Justiça e marcam atos nos 2 anos da tragédia

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Parentes de vítimas do voo 3054 da TAM aguardam há dois anos que os culpados pela tragédia que matou 199 pessoas no dia 17 de julho de 2007 sejam identificados e condenados. Nesta sexta-feira, data que marca dois anos da tragédia, eles realizam atos em memória dos mortos.

Às 18h45 do dia 17 de julho de 2007, ao tentar aterrissar, o Airbus-A320 da TAM passou direto por uma das pistas do aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), atravessou a avenida Washington Luís, bateu contra um galpão da própria empresa --a TAM Express-- e explodiu.

Além de conviver com a saudade, os parentes ainda reclamam da ausência de informações a respeito das investigações. No que depender da Justiça, elas devem ficar sem satisfação. Isso porque depois das investigações de 16 meses da Polícia Civil e um extenso e minucioso laudo elaborado pelo IC (Instituto de Criminalística) e de um revés na Justiça estadual --que havia indiciado dez pessoas indicadas no inquérito da Polícia Civil e depois fez uma revisão da decisão-- o caso agora está na Justiça Federal. Que, por sua vez, decretou sigilo.

Rodrigo Paiva/17.jul.07/Folha Imagem

Bombeiros resgatam vítimas de acidente com o voo 3054, ocorrido em junho de 2007; acidente causou a morte de 199 pessoas

Procurada, a Justiça Federal informou que o inquérito está no Departamento de Polícia Federal para continuidade das investigações.

"Temos acompanhado na medida do possível, pois as investigações correm em sigilo. O que a gente espera é uma celeridade para encerrar o inquérito sem que seja deixado de lado todo o rigor pois é uma investigação muito complexa", disse Dario Scott, 46, presidente da Afavitam (Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo JJ3054 da TAM),

Em entrevista, o procurador da República Rodrigo De Grandis disse ainda não ter sido comunicado a respeito de quem preside o inquérito em curso na Polícia Federal. Somente após a conclusão dos trabalhos da polícia é que ele poderá se manifestar e decidir se oferece a denuncia ou não.

Homenagens

Enquanto os culpados pela tragédia não são apontados, os familiares programam atos em memória aos parentes.

Scott afirmou que estão agendadas manifestações próximo ao guichê da TAM no aeroporto de Congonhas e um culto ecumênico no terreno que antes era ocupado pela TAM Express.

"Vamos marcar os dois anos de luto e alertar para que a gente tenha mais segurança no transporte aéreo", disse Scott.

Ele é pai de Thais Scott, 14. A garota morava em Porto Alegre e vinha a São Paulo passar férias com a família, dona de uma pizzaria na cidade. Ela viajava com uma amiga e era filha única.

Scott afirmou que só nesta semana irá recolher os despojos da filha para cremá-los.

Com isso diz que espera encerrar um ciclo" num verdadeiro velório que se arrasta há dois anos. "Vivo um velório há dois anos. São coisas pequenas mas fazem parte de nossos familiares que morreram", afirmou.

Os familiares também planejam um novo contato com a Prefeitura de São Paulo para a criação de um memorial no local da tragédia. Procurada, a administração do prefeito Gilberto Kassab (DEM) informou que desapropriações emperram que uma obra em homenagem às vítimas seja erguida no local.

Causas

O laudo que havia sido elaborado pelo IC aponta que uma das principais causas do acidente foi o fato de o manete (alavanca que controla a potência dos motores) da turbina direita estar em posição de aceleração no momento do pouso. No entanto, o delegado afirmou que não é possível responsabilizar os pilotos da aeronave.

"Não podemos afirmar com 100% de certeza de que houve erro humano", afirmou o delegado responsável pelas investigações sobre o acidente.

A Polícia Civil afirmou também que a Airbus classificou como 'desejável' e não 'obrigatória' a instalação de um alarme sonoro e visual alertando os pilotos sobre um eventual erro no sistema operacional dos manetes.