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Homenagens às vítimas do voo 3054 da TAM marcam dois anos da tragédia

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Parentes fazem ato dentro do aeroporto de Congonhas. Foto: Reinaldo Canato/Agência O Globo

SÃO PAULO - Parentes de vítimas do acidente com o voo 3054 da TAM, que matou 199 pessoas em 17 de julho de 2007 realizaram, nesta sexta-feira, várias homenagens aos mortos no acidente. No meio da tarde, houve uma manifestação pacífica no local do antigo prédio da TAM Express , onde o avião se incendiou após sair fora da pista de pouso do Aeroporto de Congonhas. Cartazes com fotos das vítimas foram pregados no tablado recém-pintado de azul que isola a área desde o fim das buscas. Mensagens de carinho e lembrança dos mortos foram escritas por diversos parentes de mortos. Cartazes com fotos das vítimas e flores também foram colocados no local.

- Fazemos isso todos os meses, sempre para cobrar que a Justiça seja feita - afirmou a irmã de uma das vítimas.

No saguão de Congonhas, os parentes fizeram um ato pedindo mais segurança para os voos. No início da noite, no local do acidente, foi realizado um ato ecumênico. A homenagem começou com a leitura de um poema feito por um parente de vítima. A leitura foi feita por um bombeiros que participou do resgate e foi seguida por um minuto de silêncio.

Neste domingo, eles se reúnem em São Paulo no 21º Encontro dos Familiares das Vitimas do Vôo TAM JJ3054. Eles vão se encontrar com autoridades e pedir mais agilidade nas investigações.

A angústia dos familiares de vítimas continua dois anos após a tragédia. O memorial ou a praça que seriam construídos no local do acidente ainda não saíram do papel. Nesta quinta-feira, o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, diz que as desapropriações ainda não terminaram.

- Falta um imóvel para ser desapropriado. Concluído isso, definiremos o projeto para o local - disse Kassab.

Segundo o administrador hospitalar Sérgio Palmieri, que perdeu o único filho no acidente, uma disputa judicial emperra o projeto. O terreno continua vazio e os tapumes que cercam o local chegaram a ser derrubados pelo vento.

- Queremos que a prefeitura agilize o projeto. Aquele é um local sagrado para nós - afirma.

" Queremos que a prefeitura agilize o projeto. Aquele é um local sagrado para nós "

Nesta sexta, as famílias vão inaugurar ali uma placa em granito para "alertar sobre os riscos do transporte aéreo brasileiro e pedir Justiça".

A apuração de responsabilidades no acidente também não tem prazo para ser concluída. O inquérito da Polícia Civil terminou no ano passado, com o indiciamento de 10 pessoas. Ele foi encaminhado para a Justiça, e corre sob sigilo.

A investigação da Polícia Federal não terminou e até agora ninguém foi indiciado.O procurador Rodrigo De Grandis, do Ministério Público Federal, também está com o processo, mas aguarda a conclusão da Polícia Federal para decidir se fará denúncia ou não.

Um relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Aeronáutica, aponta como uma das principais causas do acidente uma falha do piloto, provocada pela pressão de ter que pousar em uma pista em condições inadequadas. A investigação apontou ainda falhas em um alerta do avião, que avisa sobre a assimetria dos manetes, e no sistema de controle, que não entendeu a intenção do piloto de parar.

O relatório aponta ao menos oito fatores que contribuíram para que o piloto cometesse o erro. O principal é que ele manteve um dos manetes (alavanca que controla a potência do motor) na posição "climb" (aceleração) durante o pouso, o que impediu a aeronave de parar. A transcrição das caixas-pretas comprova que só o manete esquerdo foi colocado na posição certa, de "reverse" .

O laudo do Cenipa conclui, porém, como "indeterminada" a origem do desastre, apesar de a caixa-preta confirmar a posição errada do manete. Isso porque há uma chance mínima de que a alavanca direita tenha sido colocada na posição de reverso e o computador não tenha recebido a informação. A investigação não conseguiu descartar esta hipótese. O que sobrou das engrenagens da aeronave passou por inúmeros exames, mas não houve a confirmação física de como estava a posição dos manetes no momento da colisão.

A TAM informa que já fechou acordo com 189 famílias de vítimas do acidente. Desse total, 159 já teriam recebido parte das indenizações.





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