Boeing promete abrir mercado americano
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Marli Olmos
Finalista no processo seletivo que irá escolher o próximo caça da Força Aérea Brasileira, a Boeing vai usar a possibilidade de fornecedores brasileiros exportarem para o mercado americano como ponto a seu favor na disputa que envolve outros dois fabricantes - a francesa Dassault e a sueca Saab.
Michael Coggins, diretor de desenvolvimento de negócios internacionais do setor militar da Boeing, diz que a companhia já assinou termos de compromisso com 25 fabricantes de componentes do Brasil. Essas empresas estão em São José dos Campos, cidade do interior de São Paulo que concentra a maior parte da indústria aeroespacial, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
Essa base de fornecimento, que a fabricante de aeronaves americana prepara, inclui empresas como a Embraer, Avibras, Mectron e Atech. No caso das empresas menores, a Boeing poderá transferir a tecnologia necessária para o fornecimento de peças para o programa chamado F-X2. Com relação à Embraer, não se trata de transferência, mas de uma parceria de conhecimento para definir como dois grandes fabricantes de aeronaves podem atuar em conjunto no mercado aerospacial mundial.
Coggins, um dos executivos da Boeing que fazem plantão no Brasil nos últimos momentos da disputa pelo contrato da FAB, diz que as possibilidades de negócios para fabricantes de componentes brasileiros aumentará se a Boeing vencer. Numa comparação da força do mercado de origem da Boeing em relação aos concorrentes, o executivo argumenta que o mercado americano de defesa é "cem vezes maior que o sueco (Saab) e dez vezes maior que o francês (Dassault)".
Coggins reforça que as oportunidades de negócios para os fabricantes de peças do Brasil ultrapassam o contrato dos aviões caça da Força Aérea Brasileira. "Quando passamos para um novo fornecedor os detalhes, por exemplo, da elaboração de um pneu para aeronave, ele tem de saber para quem mais pode vender aquela peça", afirma o executivo. O segmento de defesa da Boeing representa a metade da receita anual de US$ 67 bilhões da companhia americana.
O diretor da Boeing afirma, ainda, que o governo brasileiro já foi atendido no que diz respeito à transferência de tecnologia e à abertura de códigos fonte que necessita do Super Hornet, a aeronave com a qual a Boeing disputa a concorrência. O executivo se mostra preocupado com uma eventual confusão sobre o que a transferência tecnológica e a abertura de códigos fonte significam nessa concorrência. Segundo ele, a ideia é proporcionar à FAB todo o tipo de conhecimento necessário para o manuseio das aeronaves e inclusão de equipamentos.
A briga pelo fornecimento para o Brasil é acirrada porque trata-se de um dos maiores contratos do gênero. A FAB precisa de 36 caças de múltiplo emprego. As outras duas participantes da disputa - Dassault e Saab - também estão em contato com os fabricantes de componentes brasileiros e deverão usar essa negociação como chamariz na concorrência.
Se vencer, a Boeing terá no Brasil o maior contrato internacional de fornecimento do Super Hornet. A empresa ganhou recentemente um contrato na Austrália, que vai adquirir 24 unidades. Desde o lançamento, em 2001, 400 unidades do Super Hornet foram entregues à Marinha Americana. A expectativa é que a FAB feche a compra dos novos caças ainda neste semestre. O negócio pode envolver US$ 2 bilhões. Coggins estará hoje em Brasília para dar continuidade ao trabalho de convencimento.
Fonte: Valor Econômico