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RAFALE: Um QUEBRA-CABEÇAS PARA O ÉLYSÉE

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Nelson Düring
Com informações do TTU

Em matéria de aviões de combate, é difícil saber a qual santo recorrer. De um lado, o hiperativo Presidente Nicolas Sarkozy percorre, ou melhor corre, pelos países do Golfo procurando conseguir clientes para o Rafale, mesmo contra os ventos e marés. E o otimismo está a pleno.

Assim, a crer na imprensa internacional, o ministro dos Negócios estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Sheik Abdallah ben Zayed Al-Nahyane, teria mencionado “progressos” nas negociações sobre a “provável compra pelo seu país” do caça Rafale. Nicolas Sarkozy, além disso, declarou que as discussões com o Kuwait, para a aquisição por este país de 14 a 28 caças Rafale, poderia ser concluída antes do fim de 2009.

Por outro lado, nem os Emirados, nem o Kuwait, nem o Omã vêem as coisas de maneira tão clara. No caso dos Emirados, a diplomacia do dinâmico Presidente Sarkozy empurra o processo para a frente, mas não necessariamente na direção correta.

De fato, as autoridades dos Emirados não desejam todos os aviões de imediato (discute-se 60 caças Rafale) e propõem-se a negociar parte por parte o contrato. Dispondo já de 80 aviões F16 E/F Block 60 e 60 Mirage 2000-9, eles desejam que a França concorde com o retorno dos Mirage 2000-9 (mas a que valor?), e com a transferência dos seus armamentos (Storm Shadow, Mica ou substituí-lo pelo Meteor que poderia equipar o Rafale) e um novo radar para os futuros Rafale. Uma outra parte das negociações referir-se-ia às turbinas (maior potência), a propósito das quais o Presidente Sarkozy se comprometeu. Mas nenhuma assinatura será colocada no contrato sem um compromisso sobre cada parte deste.

Defesa@Net publicou em Fevereiro o artigo "França e Emirados: um roteiro para o F-X2?". Ponto por ponto são confirmadas as previsões e o roteiro delineado naquela oportunidade. Parece que, após quatro meses, o alerta emitido pelos Emirado Árabes Unidos não foi bem entendido em Paris, tanto em Saint Cloud (sede da Dassault Aviation) como no Palace du Elysee.

Resta saber se o roteiro proposto pela Força Aérea Brasileira através da Comissão Gerencial do Projeto F- X2 tem sido bem entendido em Paris. Após os percalços na Índia onde o Rafale foi temporariamente retirado da Competição MMRCA, por problemas de atender aos pedidos de informações da Força Aérea da Índia, e o desgaste que isso ocasionou mesmo tendo retornado posteriormente a ela.

Nicolas Sarkozy nas atividades de divulgar e vender
o Rafale aos Emirados a outros prováveis clientes no Golfo

“Como Afirmou Guy Teissier, presidente da Comissão Defesa da “Assemblée Nationale” , que chefiou a delegação parlamentar francesa à IDEX, a França tem posições sólidas nos Emirados. Existe uma vontade política dos Emirados Árabes Unidos de reforçar as relações com a França, de ser “o aliado escolhido” (allié choisi), contrariamente aos Americanos, “o aliado obrigado” (allié obligé).”

A inauguração da Base de Al Dhafar, (26 Maio 2009) pelo presidente Nicolas Sarkozy não supera as dificuldades comerciais para o fechamento do contrato de venda dos Rafale aos Emirados. Para uma análise das implicações da Base de Al Dhafar acesse a matéria “França diz que base em Abu Dhabi é mensagem de paz”. Inclui links para importantes vídeos das redes France 24 e Al Jahzeera.

Para o Kuwait, a situação é mais contraditória porque, apesar da visita do chefe de Estado Francês e de alguns artigos de imprensa ufanistas, as autoridades kuwaitianas teriam informado à França que não tinham interesse em adquirir o caça Rafale. O Kuwait dispõe atualmente de 32 F/A-18 Hornet e 8 F/A-18D e mais 14 Mirage F1.

Por último, o Omã, é o quebra-cabeças. Como explicar que o Presidente da República proponha às autoridades (de Omã) optar pelo Rafale em substituição aos 18 SEPECAT Jaguar (sem levar em conta os Tornado e F-16), enquanto que o “Palace du Elysée” sabia que Muscat (capital de Omã) inclinava-se em prol do Eurofighter?

O Estado-Maior da Presidência da República deveria estar informado de que a Força Aérea de Omã tinha selecionado o caça Eurofighter. Um constrangimento desnecessário para os interesses franceses.

* Palace du ÉLYSÉE ou Palácio do Eliseu é a sede da Presidência da França





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