Air France 447 - Nuvens na rota do voo 447 podem chegar a 15 km de altura, com ventos de 200 km por hora, diz especialista em meteorologia Aeronáutica
SÃO PAULO - O meteorologista Luiz Fernando Nachtigall, especialista em Meteorologia Aeronáutica, afirmou que a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), responsável pelo mau tempo na rota do Airbus da Air France, que fazia o voo 447, está mais ativa este ano e demorando mais para sair do Hemisfério Sul. Segundo ele, a ZCIT tem como característica justamente a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical, que podem chegar a 15 km de altura e ser acompanhadas de ventos que ultrapassam 200 km por hora.
- Este tipo de de nuvem é um tormento para a aviação, é uma torre de instabilidade. Naquela faixa do globo as nuvens de crescimento vertical podem ultrapassar 15 km de altura, enquanto em outros lugares atinge entre 10 e 11 km de altura, e isso não é uma anomalia.
Segundo Nachtigall, essas formações têm em seu interior fortes correntes ascendentes e descendentes de ventos, fazendo com que grandes forças ajam contra as aeronaves.
- Os ventos podem passar de 200 km por hora. A aeronave pode ficar numa situação de ser jogada para cima ou para baixo e ser desviada de sua rota em até 2 quilômetros - explica.
Segundo o meteorologista, imagens de satélite pouco antes do momento do acidente mostraram a presença de fortes áreas de instabilidade a Noroeste do Rio Grande do Sul, na rota do voo 447. Nachtigall afirma, porém, que comandantes de voos conseguem, inclusive à noite, identificar a presença destas formações, além de consultar antes dos voos as informações da Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica (Redemet).