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Air France 447 - Destroços do Airbus não têm sinais de fogo

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da Agência Folha, em Recife
da Folha de S.Paulo

Os primeiros destroços do Airbus-A330 que fazia o voo 447 da Air France recolhidos no mar não contêm sinais de chamuscamento ou de ação de fogo. As 37 peças, resgatadas e apresentadas ontem em Recife, estão dilaceradas, em pedaços de no máximo 3 metros de comprimento.

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O avião, com 228 pessoas a bordo, caiu no oceano Atlântico na noite de 31 de maio, quando operava um voo entre o Rio e Paris. Ontem foram recolhidos mais seis corpos, o que eleva a 50 o total já resgatado.
Segundo especialistas, a condição do material apresentado, aliada ao estado dos corpos já encontrados --com sinais de fraturas e nenhum deles carbonizado--, fortalece a tese de que não houve explosão no ar, pelo menos em parte do avião.

Marcelo Sayão/Efe
Peças e objetos retirados do Atlântico durante buscas ao avião que fazia o voo 447 da Air France são mostrados a jornalistas
Peças e objetos retirados do Atlântico durante buscas ao avião que fazia o voo 447 da Air France são mostrados a jornalistas

As bordas dos destroços não são uniformes. Aparentam pedaços de papelão rasgados com as mãos. Entre as peças, destacam-se duas poltronas usadas por comissários de bordo.

Os assentos estão desarmados, encostados a um resto de parede branca ainda intacto. Os cintos de segurança, com fivelas vermelhas, estão abertos e recolhidos, como se não tivessem sido usados no voo.

A situação reforça a suspeita de que os problemas que levaram à queda do Airbus devem ter ocorrido de forma muito rápida, sem tempo até mesmo para que a tripulação buscasse se proteger. Os pilotos também não deram nenhum aviso por rádio ao centro de controle.

Todas as peças de plástico encontradas, incluindo lonas e um pequeno pacote amarelo, permanecem intactas, sem deformações, indicando que não houve incêndio no local onde elas estavam guardadas.

A Aeronáutica, que apresentou os destroços, não fez comentários sobre os objetos recolhidos no oceano nem suposições sobre as condições em que foram encontrados os assentos dos comissários.

A avaliação unânime de oito especialistas ouvidos pela Folha é que as 37 peças e os 50 corpos resgatados ainda representam muito pouco para levar a conclusões sobre o acidente.

Parte deles, porém, avalia haver indícios de que a aeronave se despedaçou. Alguns veem semelhança com a queda do Boeing da Gol, em 2006, que se desintegrou no ar após colidir com um jato Legacy --foram achados destroços na mata num raio de até 20 quilômetros de distância uns dos outros.

"Se tivesse batido inteiro [no mar], com certeza o cone de cauda, o estabilizador vertical e horizontal estariam íntegros", afirma Roberto Peterka, ex-investigador de acidentes aéreos, lembrando que o estabilizador vertical do Airbus foi achado separado das outras partes.

De acordo com a Aeronáutica, ainda não é possível confirmar o local exato da queda do avião. Segundo o diretor do Departamento de Controle do Espaço Aéreo da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Ramon Borges Cardoso, há uma "provável área" do acidente, num raio de 70 quilômetros do ponto onde a aeronave emitiu o último sinal eletrônico. Essa área dista 850 km de Fernando de Noronha, ainda em águas brasileiras.

O oficial diz que também não há como afirmar se o avião da Air France caiu inteiro no mar ou se despedaçou no ar. Segundo ele, as buscas podem ser prorrogadas até o dia 25, e não ser encerradas no dia 19, conforme previsão anterior.

A responsabilidade pela investigação do acidente é da França. O tenente-brigadeiro disse não haver data para entregar as peças ao governo francês. Um perito da França chegará a Recife no domingo para analisar os destroços.

No mesmo dia, novas peças resgatadas no mar, entre elas um grande pedaço que aparenta ser a parte traseira do avião, chegarão ao continente, a bordo da fragata Constituição.

FÁBIO GUIBU, MATHEUS MAGENTA, ALENCAR IZIDORO, RICARDO SANGIOVANNI e ROGÉRIO PAGNAN





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