Air France 447 - Centenas de destroços do Airbus chegam a Recife
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Entre o material resgatado está o que especialistas em aviação afirmam ser parte do estabilizador da aeronave
Monica Bernardes, especial para O Estado
Um representante do BEA (órgão francês que comanda as investigações), dois funcionários da Air France e o embaixador francês, Pierre-Jean Vandoorne, acompanharam o desembarque. Assim como todas as peças recolhidas pela Marinha brasileira, as bagagens das vítimas do acidente - que foram acomodadas em nove grandes sacos de lona - foram depositadas em um galpão na área de estocagem do porto e estão agora sob a responsabilidade do BEA. Inicialmente, as bagagens seriam entregues à Air France, mas depois de negociação envolvendo o governo francês e a companhia aérea, na semana passada, houve um acordo para que tudo fosse repassado ao BEA diante da possibilidade do material auxiliar na investigação.
A Fragata Constituição atracou às 10h, com o auxílio de dois rebocadores. O desembarque do destroço maio levou mais de 40 minutos e precisou do auxílio de um guincho, uma carreta e mais de 40 homens, entre militares e portuários. Somente depois de três tentativas, o imenso pedaço metálico, foi acomodado na carreta. Durante todo o processo, o representante do BEA, que não falou com a imprensa e não permitiu a divulgação de sua identidade, fotografou, mediu e fez anotações sobre a peça. Entre as centenas de destroços, pelo menos outros 12 são considerados de tamanho "médio" pelos militares, variando entre dois e sete metros.
Em entrevista coletiva, o comandante da embarcação, o capitão de fragata Marcos Borges Sertã, disse estar orgulhoso do trabalho e da dedicação da tripulação. "Quando fomos convocados para esta missão, estávamos em Salvador, a caminho do Rio de Janeiro, abastecendo o navio, depois de uma operação que durou dois meses. Foram treze dias de muitas dificuldades, expectativas e apreensão. Todos se dedicaram ao máximo às buscas, primeiro por sobreviventes, depois dos corpos e destroços, que certamente auxiliarão nas investigações das causas deste terrível acidente", sentenciou.
Na tentativa de traduzir as dificuldades enfrentadas durante o trabalho de buscas, o capitão de fragata falou sobre a operação que culminou com o resgate da maior peça até agora encontrada (que vem sendo apontada pelos especialistas como sendo o estabilizador). "Ao todo, 70 homens, entre eles vários mergulhadores trabalham sem parar durante mais de seis horas para prender, arrastar, içar e depositar esta peça na popa do navio. No final da operação estavam todos exaustos, muitos com as mãos e braços machucados", destacou.
Questionado sobre o equilíbrio emocional da tripulação, o comandante afirmou que "foram muitos os momentos de tensão e tristeza". "Somos humanos. Diante de um acidente tão grave, com tantas vítimas, é evidente todos ficam emocionados e apreensivos. Nos primeiros dias, quando nada era encontrado, foi um dos momentos mais difíceis porque sabíamos que estávamos lutando contra o tempo. Foi um trabalho duro, e sem o apoio da Aeronáutica, não teríamos conseguido", declarou o capitão.
Ao ser indagado sobre o resgate dos corpos, o militar optou pelo silêncio. "Não gostaria de responder a esta questão, por respeito às famílias", limitou-se a afirmar.
A Fragata Constituição foi a responsável pelo transporte da maior parte das 43 vítimas que já chegaram ao IML, em Recife. A tripulação, formada por aproximadamente 200 pessoas, segue, hoje, para o Rio de Janeiro. A Constituição foi substituída pela Corveta Jasseguai na operação de buscas, que devem seguir, pelo menos até o próximo dia 25.