Brasil - Participação feminina marca presença no I Torneio de Aviação de Patrulha
Durante as atividades do I Torneio e 26ª Reunião da Aviação de Patrulha, que ocorre no período de 16 a 22 de maio, na Base Aérea de Fortaleza (BAFZ), dois militares chamaram a atenção, num universo de quase 200 participantes do torneio. São as Tenentes-Aviadoras Gisele e Marcelli, as únicas mulheres do efetivo da Aviação de Patrulha.
A Tenente Gisele, de 27 anos, é do efetivo do 1º/7º Grupo de Aviação, mais conhecido como Esquadrão Orungan, sediado em Salvador, Bahia. Pertencente da primeira turma de mulheres aviadoras formada na Academia da Força Aérea (AFA), ela conta que nunca sentiu resistência por parte dos colegas de turma, no tempo da academia, e tampouco no Esquadrão. “Lá eu sou apenas mais um no efetivo, independente do sexo”.
Da segunda turma de mulheres aviadoras, a Tenente Marcelli, de 23 anos, do efetivo do 3º/7º Grupo de Aviação, Esquadrão Netuno, sediado em Belém, Pará, afirma também não ter dificuldades em conviver com uma maioria de homens em seu Esquadrão. Também conta que optou pela Aviação de Patrulha por se identificar com as missões atribuídas a esta aviação.
Confira abaixo, a entrevista com as patrulheiras pioneiras da FAB.
O que você fazia antes de entrar na Academia da Força Aérea (AFA)?
Tenente Gisele: Eu era estudante do curso de Física da UFRJ. Realizei o concurso da Academia da Força Aérea (AFA) quando soube que abririam vagas para aviadoras. Quando prestei o concurso, não esperava passar. Foi uma surpresa e encarei como um desafio.
Você alguma fez sonhou em ser aviadora?
Tenente Gisele: Nunca havia sonhado em ser aviadora, mas não perdia uma apresentação da Esquadrilha da Fumaça. Quando ela desenhava no céu o coração, aquilo mexia comigo, me emocionava.
Por que você escolheu a Aviação de Patrulha?
Tenente Gisele: Quando escolhi a Aviação de Transporte, fui para a Base Aérea de Fortaleza, para o 1º/5º Grupo de Aviação (1º/5º GAV), que é a unidade responsável pela instrução dos recém-formados oficiais desta aviação. Depois que assisti o simpósio sobre a Aviação de Patrulha, me identifiquei com esse tipo de aviação, especialmente com a guerra eletrônica, porque sempre gostei de física. Então, escolhi ir para o 1º/7º GAV, em Salvador, porque lá sei que terei mais chance de, no futuro, pilotar o P-3 modernizado, a nova aeronave de Patrulha que a FAB irá receber.
Como a academia e a sua unidade atual se adaptaram para receber uma mulher no efetivo?
Tenente Marcelli: Eles apenas realizaram pequenas adaptações físicas para, como banheiros e alojamentos femininos. Quando o local em que nós estávamos não tinha banheiro feminino, a gente sempre dava um jeitinho de usar o cassino ou um local separado.
Por que você escolheu a Aviação de Patrulha?
Tenente Marcelli: Depois de algum tempo na Aviação de Transporte, assistimos a um simpósio que apresenta a Aviação de Patrulha, de Reconhecimento e de Transporte. Me identifiquei com a Aviação de Patrulha, gostei muito da sua missão e decidi então seguir para o 3º/7º GAV, em Belém. Ainda estou me adaptando à cidade, pois esse é o meu primeiro ano no Esquadrão Netuno.
Como é conviver num ambiente predominantemente masculino?
Tenente Marcelli: A gente se acostuma, são quatro anos na academia, sempre em minoria, depois no Rumba (1°/5º GAV) eu também era a única mulher e agora no Netuno. Mas é bem tranqüilo, já estou adaptada, o tratamento é o mesmo.
O Patrulheiro é conhecido pela paciência, como você encara a rotina dos longos voos da Aviação de Patrulha?
Tenente Marcelli: É um voo que exige atenção, a tripulação está sempre atenta ao movimento dos navios. Por isso, não se torna um voo monótono, porque você sempre está envolvido com alguma atividade, então acaba sendo uma missão interessante.