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Brasil - Artista porá disco voador para passear no céu do Rio, e pede a cariocas que filmem e fotografem a experiência



Juliana Câmara

RIO - Se na noite do próximo sábado, dia 23, você vir um objeto não identificado sobrevoando o Rio de Janeiro, não tenha dúvidas: trata-se de um disco voador. A bordo, não virão alienígenas, mas a estreia no Brasil do artista contemporâneo americano Peter Coffin, especializado em intervenções urbanas. A obra 'Sem título (U.F.O.)' vai sobrevoar as praias da Barra, Leblon, Ipanema, Copacabana, Leme, Botafogo e Flamengo, e a Lagoa Rodrigo de Freitas, entre 19h30 e 21h25.

Mesmo sem a garantia de contato direto com extraterrestres, os cariocas poderão participar de uma experiência colaborativa com a obra de arte voadora. No sábado 23, o público é convidado a sacar máquinas fotográficas, câmeras de vídeo ou celulares para registrar a exibição e enviar o material para publicação no Eu-Repórter, a seção de jornalismo participativo do GLOBO, por meio do formulário disponível no endereço oglobo.com.br/participe , direto do celular, enviando um email para o endereço eureporter@oglobo.mobi ou também pelo site do projeto, o www.discovoador.art.br

Eu-repórter: sobrevoo da obra Sem Título (U.F.O.) na Polônia, em julho de 2008/ Divulgação

Os melhores registros serão selecionados por um júri especial, do qual Coffin fará parte, para serem exibidos em julho, numa exposição multimídia no espaço cultural Oi Futuro, que será organizada com o apoio do Jornal O GLOBO. Em seguida, as imagens integrarão um catálogo que será distribuído ainda este ano no Brasil, Estados Unidos, França e Polônia. A proposta de Peter Coffin é tornar os cariocas coautores do seu trabalho, estendendo o processo de produção da obra de arte.

- O olhar do outro está presente na fotografia. Gosto de ver a minha obra pelos olhos do público também - explica Peter Coffin, que chegou sábado ao Rio para coordenar os trabalhos de montagem da escultura voadora.

O disco tem estrutura de alumínio e sete metros de diâmetro. Nele serão instalados 15 mil 'leds' que, durante o voo, projetarão desenhos e símbolos criados por Coffin. Depois de pronta, a obra terá 800 quilos. Ela será transportada, a uma velocidade máxima de 190 km/h, por um helicóptero, ao qual ficará presa por um cabo de aço com 50 metros de comprimento.

'Sem título (U.F.O.)' começou a ser montado nesta segunda, dia 18, no aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Coffin, que é representado pela Galeria Andrew Kreps, em Nova York, pela Emmanuel Perrotin, em Miami, e pela Herald Street, em Londres, quer mostrar sua obra mais detalhadamente em dois pontos da cidade: a Praia de Copacabana e a Lagoa Rodrigo de Freitas, que serão sobrevoadas durante 20 e 15 minutos, respectivamente.

O projeto foi apresentado pela primeira vez em julho de 2008 na cidade de Gdansk, na Polônia. O artista foi convidado pela Open Art Projects a criar um trabalho para ser exibido num festival de artes na cidade, e causou espanto a cerca de 200 mil pessoas que assistiram ao sobrevoo. Para a apresentação em céu carioca, o OVNI ganhou mais iluminação. A organização espera que o disco seja visto por até um milhão de pessoas.

" Estamos colaborando para a democratização da arte, diante de um público que não tem acesso à arte contemporânea "

- O público não estará aglomerado, como no réveillon, mas espalhado por toda a orla, isso sem contar com quem vai assistir dos edifícios. Sei que o povo daqui curte muito essa proposta de participação - afirma Magda Materna, presidente da Open Arts Projects, a fundação polonesa que está coordenando o projeto.

Após a exibição em Gdansk, Coffin decidiu trazer o trabalho para o Brasil, que já visitou e onde - ele acredita - a população é mística e interessada em histórias relacionadas a OVNIs. A ideia inicial era trabalhar em Brasília, por causa da proximidade com o município de Alto Paraíso - que esotéricos acreditam ser frequentado por extraterrestres. Mas, como o disco não pode voar sobre cidades, o projeto foi transferido para a orla do Rio.

Desde criança, Peter Coffin, considerado pelo Institute of Contemporary Arts (ICA), de Londres, um dos seis que mais colaboram para definir a prática artística do futuro, tem uma relação com objetos voadores não identificados: imaginava como eles seriam e se questionava o que poderia aprender com outras formas da inteligência. Segundo Coffin, essa curiosidade influenciou sua opção pela arte:

- Entendi que o papel do artista é materializar os conceitos que existem na mente como ideias abstratas. É a parte importante do experimento "disco voador". Acredito que ele causa curiosidade e incentiva o público a pensar no fenômeno e pesquisar a sua relação com ele, diz o artista.

Além de apostar no lado místico dos brasileiros e topar trazer a obra para o país, Magda Materna considera importante apresentar o projeto ao ar livre para uma sociedade com altos índices de exclusão cultural:

- Estamos participando de uma das maiores intervenções em espaço público e colaborando para a democratização da arte, diante de um público que não tem acesso à arte contemporânea. O trabalho do Peter quebra a ideia de que a arte contemporânea é fechada, entendida apenas por alguns curadores e artistas.

Confira o trajeto da obra Sem título (U.F.O.) pelo céu do Rio no dia 23 e participe, enviando suas fotos e vídeos:

Ida: Aeroporto de Jacarepaguá - Barra - São Conrado - Leblon - Ipanema - Forte da Copacabana - Leme - MAM

Volta: MAM - Leme - Forte de Copacabana - Leme (sobrevoo de 20 minutos entre os fortes do Leme e de Copacabana) - Ipanema - Lagoa (sobrevoo de 15 minutos) - Leblon - São Conrado - Barra - Aeroporto de Jacarepaguá

Para participar: Envie seu arquivo fotográfico ou em vídeo pelo formulário do Eu-Repórter , ou diretamente pelo site do evento: www.discovoador.art.br





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