Brasil - LAAD 2009: Quarto Dia
LAAD 2009 é encerrada com recordes
A edição de 2009 da LAAD, encerrada hoje (17) alcançou números recordes de público e expositores - cerca de 18,2 mil visitantes e 336 empresas participantes, sendo 93 brasileiras. O evento foi também bastante prestígio pelos governos, o que se evidenciou com a presença na abertura de diversas autoridades, como o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o prefeito do Rio, Eduardo Paes. O prestígio, aliás, não seu deu apenas com visitas, mas também por meio de anúncio de importantes negócios, como o lançamento do projeto KC-390 e modernização das aeronaves AF-1 da Marinha do Brasil, ambos conquistados pela Embraer.
A LAAD 2009 contou com delegações oficiais de mais de 40 países e teve um crescimento em área física de 15% em relação à sua última edição.
Taurus expôs lançamentos
A indústria gaúcha Forjas Taurus exibiu na LAAD quatro lançamentos de armas de fogo, que se destacam principalmente pela tecnologia empregada no design e fabricação, dando ênfase a segurança, facilidade de operação e emprego de novos materiais. Certamente, o maior destaque é o fuzil israelense Tavor, projeto da companhia Israel Weapon Industries (IWI) que pode ser produzido pela fabricante brasileira com um investimento em torno de US$ 22 milhões.
O Tavor, operado por diversas forças armadas, inclusive de Israel, tem calibre de 5,56mm, sendo considerado um fuzil de assalto de 7ª geração, com corpo de polímero e sistema Bullpup, que o caracteriza como um fuzil mais curto e de fácil operação. A Taurus e a IWI são parceiras na fabricação e no desenvolvimento deste fuzil, que deverá ser testado pelo campo de prova da Marambaia (CAEx), ainda em abril. Caso seja selecionado pelo Exército Brasileiro, será fabricado localmente.
Os outros destaques são as pistolas PT 809, PT 709, ambas de 9 mm, e a metralhadora portátil MT9 em calibre de 9 mm, com cadência de 1.200 tiros por minuto, carregadores de 30 tiros e destinada a uso policial e militar.
Financiamento aos novos submarinos da MB
Segundo a consultoria Forecast International, citando uma fonte oficial francesa presente na LAAD, 70% do financiamento comercial bancário já está liberado para cobrir os custos da construção dos quatro submarinos baseados no modelo Scorpène para a Marinha do Brasil (MB). O financiamento será apoiado pelo Estado francês, acrescentou a fonte. O valor total do pacote dos submarinos é estimado em US$ 8,8 bilhões.
O BNP Paribas, um dos maiores bancos da Europa e o maior financiador do negócio, solicitou e recebeu as garantias necessárias por parte do governo francês, através da agência de crédito à exportação COFACE. O governo brasileiro será o responsável pelos 30% restantes. A DCNS e a MB trabalham em conjunto para cumprir as exigências administrativas que resultaram em milhares de páginas de documentação.
Terminada essa etapa, o contrato poderá entrar em vigor no início do mês de setembro de 2009, desde que se faça um depósito, variável de 5% a 15% do montante total do negócio. Fontes a par da negociação dos submarinos afirmaram a T&D que o contrato definitivo pode ser assinado definitivamente em 7 de setembro, durante a visita de Nicolas Sarkozy ao Brasil para assistir os desfiles de independência. Após a assinatura, a DCNS deve abrir um escritório no País.
BAE Systems oferece head-up displays
O grupo britânico BAE Systems, hoje um dos maiores players globais dos setores Aeroespacial e de Defesa apresentou na LAAD o head-up display (HUD) Quantum, com aplicações tanto civis como militares. O HUD Quantum tem o propósito de substituir os sistemas de projeção dos cockpits em telas na frente do piloto por uma projeção na frente da cabeça do piloto dentro do cockpit. A BAE Systems está buscando introduzi-lo no Brasil, particularmente junto a Embraer. A empresa informou que uma equipe de executivos visitará a Embraer em São José dos Campos (SP) na próxima semana para estudar um possível uso do sistema HUD no projeto KC-390.
No Brasil, a BAE Systems tem também interesses em peças de artilharia, atualização dos veículos de transporte M-113 que equipam o Exército Brasileiro, canhões (Bofors) para navios-patrulha, VANTs e aeronaves LIFT para a FAB.
Parceria IAI e grupo Synergy
Alguns dias antes do início da maior feira de Defesa e Segurança da América Latina, as companhias Israeli Aerospace Industries (IAI) e Synergy anunciaram a criação de uma joint-venture para explorar potenciais negócios nos setores Aeroespacial e de Defesa na América Latina. As discussões para a parceria, com pontos complexos, foram iniciadas em junho de 2008 e concluídas apenas agora.
O escopo da parceria é bastante amplo, mas segundo um executivo da IAI ouvido por T&D, as áreas naval e de veículos aéreos não-tripulados (VANTs) têm maior potencial de negócios em curto ou médio prazo. Nos últimos dias, a Synergy, que possui estaleiros, apresentou proposta à Marinha do Brasil para a construção de quatro navios-patrulha de 500 toneladas (NaPa 500). Quanto aos VANTs, a IAI foi uma das companhias selecionadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) para envio de solicitação de informações (RFI, sigla em inglês). A IAI promove na América Latina, em especial no Brasil e Chile o VANT Heron, inclusive para forças policiais como o Departamento de Polícia Federal (DPF).
A IAI e a joint-venture com o grupo Synergy também podem se beneficiar com a concorrência F-X2, dependendo do vencedor, além de negócios no setor espacial brasileiro, em especial satélites de observação terrestre. Em seu estande, a IAI exibiu um projeto de satélite de observação dotado de sensor radar (SAR, sigla em inglês), uma reconhecida necessidade do Programa Espacial brasileiro, especialmente para o monitoramento da região amazônica.
Radares para defesa aérea
A companhia francesa Thales promoveu na feira o radar de defesa aérea Master 400, que está sendo oferecido a vários países na América do Sul, como o Brasil, o Chile e a Argentina. Especula-se que em 2010 seja lançada no Brasil uma concorrência para a aquisição de 10 radares. Esse setor é de intensa concorrência, com produtos similares também oferecidos pela Lockheed Martin, que no Brasil já forneceu sistemas ao Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), pela inglesa BAE Systems, a espanhola Indra e a Selex, do grupo italiano Finmeccanica.