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Venezuela toma aeroportos em regiões opositoras

Claudia Jardim

De Caracas para a BBC Brasil

O governo da Venezuela usou o Exército para ocupar importantes aeroportos e portos do país em regiões governadas por opositores, como parte de um processo de federalização ordenado pelo presidente venezuelano Hugo Chávez na semana passada.

O aeroporto e porto de Maracaibo, capital do Estado de Zulia, no norte do país, bastião político do dirigente opositor Manuel Rosales, foram tomados por militares ainda na madrugada deste sábado.

Acompanhados de um grupo de simpatizantes do governo, funcionários pintaram de vermelho, cor do chavismo, os out-doors pendurados no aeroporto com a foto de Rosales, ex-governador e atual prefeito de Maracaibo.

Logo após a intervenção, o presidente do Conselho Legislativo do Estado, Eliseo Fermín, disse que convocará um referendo local para decidir se a população aprova ou não a medida, ao qualificar como "delinquentes" os militares que ocuparam as instalações.

Para a oposição, o governo está fechando o cerco contra o opositor Manuel Rosales. Na quinta-feira, o Ministério Público pediu a prisão do prefeito, ex-candidato presidencial, acusado de enriquecimento ilícito.

Também na manhã deste sábado o Porto Cabello, no Estado de Carabobo (centro) do governador opositor Enrique Salas Feo e o aeroporto da capital Valência, cujo prefeito é chavista, também foram tomados pelas autoridades.

O aeroporto e porto de Isla Margarita, no Estado de Nueva Esparta, outro pólo opositor e importante destino turístico do país, será ocupado nos "próximos dias", de acordo com funcionários do governo.

'Asfixia' econômica

As intervenções são amparadas na Lei de Descentralização aprovada pela Assembléia Nacional, de maioria chavista, pela qual os portos, aeroportos e estradas do país passam a ser controlados pelo governo Federal.

A medida impede que governadores e prefeitos recolham impostos sobre as atividades ali realizadas, o que para a oposição representa uma tentativa do governo de "asfixiar" a economia dos governos locais de oposição.

O governo, por sua vez, alega que portos e aeroportos são de "importância estratégica" para o país.

"Esses governadores e a gerência desses portos, arrecadam bilhões e bilhões de bolívares (moeda venezuelana) e na maioria dos casos, não se sabe o que fizeram com esse dinheiro", afirmou o presidente venezuelano Hugo Chávez, neste sábado, durante reunião ministerial transmitida parcialmente pelo canal estatal.

"Estamos tocando os interesses dessa grosseira oligarquia que obedece aos interesses imperiais", disse o presidente.

Chávez informou que a partir de agora os aeroportos e portos serão administrados por uma corporação nacional que unificará a prestação e regulamentação das atividades.

O governo venezuelano afirma que todos os postos de trabalho serão mantidos e os serviços prestados nos aeroportos ocupados continuarão sendo prestados com normalidade.




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