Portugal - Vendas de voos domésticos caem 21,2%; Queda nos internacionais é de 19,5%
A queda do valor de vendas do BSP Portugal, pela própria dimensão (18,6%) que atingiu, indica que terá havido uma redução acentuada no número de bilhetes vendidos, embora alguma parte também se deva a descida dos preços.
Em 2008, de acordo com dados divulgados pela IATA, a evolução do número de bilhetes vendidos, com um aumento em 2,5%, para 1,9 milhões, foi o factor que mais impulsionou o crescimento do BSP, uma vez que a variação na tarifa média foi de apenas 1%, para 482,15 euros.
Nas últimas semanas o mercado português tem sido “inundado” de promoções por parte das companhias aéreas, sendo possível comprar voos a preços “impensáveis” há uns meses e que mostram que as tarifas baixas deixaram de ser exclusivo das low cost.
Esta evolução naturalmente tem expressão no valor de vendas BSP e será um dos factores a impulsionar a queda nos montantes totais de venda, mas executivos da aviação dizem ao PressTUR que outra componente a pesar será uma descida do número de bilhetes vendidos, o que só poderá ser confirmado quando a IATA avançar com os dados.
Em todo o caso, de acordo com as mesmas fontes, essa é também a perspectiva com que se fica quando se observam os valores de vendas líquidas BSP (antes de taxas e IVA).
Dados a que o PressTUR teve acesso indicam que antes de taxas (nas quais se incluem as taxas aeroportuárias, as sobretaxas de combustível e as taxas de emissão de bilhetes) as quedas dos montantes de venda BSP atingiram 20,5% em Janeiro, baixando 10,8 milhões para 41,79 milhões, e 19% em Fevereiro, o que dá uma redução de 10,2 milhões, para 43,7 milhões.
Os dados mostram que na venda de voos domésticos as quedas foram de 23,9% em Janeiro ou 1,8 milhões em Janeiro, para 5,79 milhões, e de 18,5% ou 1,39 milhões em Fevereiro, para 6,1 milhões.
No acumulado dos dois meses, a venda de voos domésticos (antes de taxas e IVA) tem uma queda média de 21,2%, o que equivale a menos 3,2 milhões de euros que no período homólogo de 2008, baixando para 11,9 milhões.
Para a venda de voos internacionais, os dados a que o PressTUR teve acesso indicam quedas de 20% em Janeiro (menos 8,98 milhões, para 36 milhões) e de 19% em Fevereiro (menos 8,8 milhões, para 37,6 milhões), o que dá uma queda média em 19,5%, ou 17,8 milhões, para 73,6 milhões.
Quanto à venda de voos domésticos, as fontes contactadas pelo PressTUR destacaram que além dos efeitos da crise na compra de viagens de lazer e de negócios, a queda traduzirá algum impacto da entrada da easyJet nos voos entre Lisboa e o Funchal, por um lado porque “roubou” passageiros às que já operavam na rota (TAP e SATA, que vendem maioritariamente através das agências de viagens, o que é contabilizado em BSP, enquanto a low cost vende maioritariamente através da internet, o que não entra no BSP) e, por outro, porque “forçou” à baixa de preços, que vem desde a liberalização da linha.
Quanto aos voos internacionais, além da crise, que provoca menos vendas, as fontes contactadas pelo PressTUR também assinalam o efeito baixa de preços que, se há uns meses era provocada pela competição entre companhias, designadamente com as low cost nas ligações de médio curso, actualmente é pela “competição com a crise”, no sentido de que as companhias avançam com descontos e promoções tanto para médio curso como para longo curso que contrariem a tendência dos consumidores para retraírem a compra de viagens.
O que é comum aos dois mercados, na opinião das fontes contactadas pelo PressTUR, é que as quedas ocorrem por descida de preços por parte das companhias aéreas, mas, pela dimensão que atingem as quedas de vendas antes de taxas, também por uma redução do número de bilhetes vendidos.
Os dados a que o PressTUR teve acesso indicam, quanto à componente de taxas e IVA incluída nos preços finais, que, pela primeira vez em vários anos, baixou em Janeiro e Fevereiro, respectivamente em 4% ou 0,6 milhões, para 14,7 milhões, e em 9,1% ou 1,4 milhões, para 14,1 milhões, o que significa uma queda média em 6,6% ou dois milhões, para 28,8 milhões.
Esta descida reflecte reduções das sobretaxas de combustível, quer anunciadas quer, por vezes, no âmbito de tarifas promocionais, mas como há outras taxas incluídas cujos custos não descem ou até sobem, a variação do conjunto destes encargos é menor.
Daí, aliás, que enquanto em 2008 o peso desta componente nos preços finais foi em média de 23,5%, mais 4,68 pontos que em 2007, nos primeiros dois meses deste ano está em 25,2%, mais 2,76 pontos que no período homólogo de 2007.