Companhias aéreas vão enfrentar o pior cenário da sua história em 2009

GENEBRA - As companhias aéreas vão enfrentar em 2009 o pior cenário dos últimos 60 anos, devido à atual crise econômica, afirmou nesta terça-feira a Agência Internacional de Transporte Aéreo (Iata).

- 2009 será o ano mais duro da história das companhias aéreas. Nunca vimos nada similar - disse o presidente da Iata, Giovanni Bisignani, em entrevista coletiva à imprensa.

As estatísticas da entidade apontam que os lucros vão cair 12% em relação ao ano anterior, uma perda de US$ 63 bilhões. A Iata calcula que o prejuízo líquido ficará em US$ 4,7 bilhões em 2009.

- Em 2008, esta foi uma indústria de US$ 530 bilhões, este ano ficará em US$ 467 bilhões - explicou Bisignani.

A previsão de prejuízo foi aumentada em relação a dezembro, quando a Iata falou em uma cifra de US$ 2,5 bilhões. Os resultados devem ser piores para o segmento de transporte de carga, que vai encolher 13% em relação ao ano passado, devido à queda do comércio mundial. O transporte de passageiros deve cair 5,7% em 2009.

De acordo com Bisignani, uma das principais causas da atual situação é que a demanda caiu "de forma dramática". O presidente destacou a queda do tráfego em classe executiva, segmento importante para os lucros das companhias, que deve registrar encolhimento de 16,7% este ano. Em janeiro, a demanda internacional de passageiros caiu 5,6% em relação ao mesmo mês de 2008.

- Em janeiro, o transporte de carga no mundo já recuou 23,2%, pelo oitavo mês consecutivo. Este é o principal indicador de que o mundo está em crise, de que os consumidores não estão comprando e os empresários não estão produzindo - avaliou.

Bisignani prevê que a situação "vai ficar pior antes de melhorar", algo que não deve acontecer antes de 2010, pelo menos. O único aspecto indicado como positivo é a redução dos gastos com combustível. No ano passado, esses representavam 32% dos custos das aéreas, em 2009, com o preço do barril do petróleo a US$ 50, devem ficar em "apenas" 25%.

Quase 40 companhias aéreas suspenderam operações nos últimos 15 meses por incapacidade de pagarem suas contas, acrescentou o presidente da Iata.