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Brasil - Quadrilhas pagavam propina a funcionários do Aeroporto de Guarulhos para enviar malas de cocaína ao exterior

Leonardo Guandeline, O Globo

SÃO PAULO - Quatro quadrilhas de tráfico internacional de drogas pagavam propina a funcionários da Receita Federal, da Infraero, de companhias aéreas e de empresas terceirizadas que atuam no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, para enviar malas cheias de cocaína ao exterior. Cada mala levava cerca de 50 quilos de droga. Nesta terça-feira, após quase dois anos de investigação, a Polícia Federal prendeu 32 acusados de integrar a quadrilha, incluindo uma auditora da Receita Federal, um funcionário da Infraero responsável pelo monitoramento de câmeras do aeroporto, funcionários de companhias aéreas, aliciadores e traficantes. Dois policiais civis também foram presos, acusados de extorquir os integrantes da quadrilha.

As malas entravam nos aviões rumo a países como Inglaterra, Holanda, Espanha, Portugal e África do Sul sem passar por aparelhos de Raio-X e eram levadas diretamente para as aeronaves. Funcionários de pista do aeroporto, que embarcavam a mala, chegavam a receber R$ 5 mil por remessa colocada no avião. O pagamento da propina era feito no Brasil por um grupo de nigerianos. Segundo a PF, a quadrilha tem ramificações nos destinos finais da droga.

Segundo a Polícia Federal, a investigação, que contou com ajuda da polícia de outros países, começou em 2007, quando um carregamento de 55 quilos de cocaína foi apreendido no destino, na África do Sul. Desde então, 26 pessoas já haviam sido presas.

Das quatro quadrilhas, três usavam o esquema de envio de malas e uma transportava a droga por meio de "mulas", pessoas contratadas para o tráfico, que acabavam não sendo flagradas na fiscalização ou então confessavam ter igerido cápsulas de cocaína. Na Europa, a droga é chega a ser vendida por 40 mil euros o quilo.

A cocaína chegava ao aeroporto de Guarulhos vinda do Mato Grosso do Sul, onde a PF cumpre nesta terça dois mandados de prisão contra aliciadores, nas cidades de Ponta Porã e Campo Grande.

Cerca de 180 agentes federais participaram da operação, que recebeu o nome de Carga Pesada. Nos últimos dois anos, foram apreendidos 540 quilos de cocaína no Brasil e no Exterior, movimentados por meio do esquema no aeroporto paulista.

Os presos responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas e associaço para o tráfico.

- Alguns dos funcionários do aeroporto e de companhias agiam para mais de uma quadrilha - afirma o procurador-geral da República Vicente Mandeta, que participou das investigações.

Os presos cumprirão prisão temporária de 30 dias, prorrogáveis por mais 30.




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