Brasil - Low cost GOL compensa queda de tráfego com subida em 23,7% do preço por passageiro/Km
A GOL, nº 2 do transporte aéreo no Brasil, que se apresenta como “a companhia aérea brasileira de baixo custo”, aumentou em 23,7% o valor cobrado por cada passageiro e quilómetro percorrido, com o qual compensou a queda do tráfego e taxa de ocupação, permitindo-lhe apresentar um aumento da receita de passagens em 6,1%.
O balanço divulgado pela GOL indica que esse aumento do yield lhe permitiu ter uma subida da receita unitária (valor por cada lugar e quilómetro colocado no mercado) em 9,7%, que associada a uma redução do custo unitário em 1,2% possibilitou passar de prejuízo operacional de 78,2 milhões de reais no 4º trimestre de 2007 (margem operacional negativa de 5,3%) para um lucro de 53,9 milhões no 4º trimestre de 2008 (margem operacional positiva de 3,5%).
A empresa, ainda assim, passou de 53,9 milhões de reais de lucro no 4º trimestre de 2007 para um prejuízo de 700,59 milhões no 4º trimestre de 2008, pelo impacto da desvalorização cambial sobre activos e passivos, no montante de 501,9 milhões, o qual, sublinha, não tem efeito sobre a tesouraria da companhia.
O balanço operacional indica que no 4º trimestre de 2008 o grupo GOL, que integra as companhias GOL e VRG (antiga Varig), teve uma queda do tráfego de passageiros (medido em RPK = passageiros x quilómetros) em 14,3% e uma redução da taxa de ocupação em 8,2 pontos, para 59,5%, ainda que tenha colocado no mercado menos 2,5% de capacidade (medida em ASK = lugares x quilómetros) que um ano antes.
Do lado das receitas, o balanço mostra que a subida do yield (valor por RPK) em 23,7%, para 25,29 centavos do real, ponderada pela taxa de ocupação (receita unitária) se traduziu num aumento em 7,9%, para 16,37 centavos, da receita por unidade de transporte colocada no mercado, que leva a que apesar da queda do tráfego tenha um aumento da receita de passageiros em 6,1%, para 1.440,4 milhões de reais.
“Esse crescimento da receita de passageiros reflecte o gerenciamento do yield, proporcionado pelos primeiros reflexos do lançamento da malha aérea integrada em meados de Outubro de 2008, contemplando a estrutura unificada da Companhia, com a eliminação de sobreposição de rotas e horários existentes entre GOL e VARIG”, diz o balanço da companhia, o qual também mostra que na base da subida das receitas esteve um aumento da tarifa média em 23,7%, para 266 reais, que compensou a queda do número de passageiros transportados em 6,8%, para 6,133 milhões.
A subida da margem e o lucro operacional, no entanto, também resultou de um decréscimo do peso dos custos, pela redução em 1,2% do custo por unidade de transporte colocada no mercado, para 15,80 centavos do real, com o qual reduziu a taxa de ocupação necessária para atingir o breakeven em 13,9 pontos, para 57,4%.
O balanço mostra que a companhia receita o custo por unidade de capacidade (ASK) nas rubricas combustíveis, em 9,1% para 5,12 centavos do real, pessoal, em 11,1% para 2,63, seguros de aviões, em 8,3% para 0,11, encargos por descolagens e aterragens, em 1,3% para 0,76, prestação de serviços, em 3,5% para 1,10, e “outras despesas”, em 58,8% para 0,47.
Em alta evoluíram os custos (por ASK) com alugueres de aviões, em 29,2% para 2,21 centavos do real, comerciais e publicidade, em 27,3% para 1,40, material de manutenção e reparações, em 37,8% para 1,64, e depreciações, em 56,5% para 0,36.
A descida que teve mais impacto foi a dos combustíveis, cuja factura decresceu 11,3%, para 484,6 milhões de reais, com o grupo a indicar que excluindo o fuel não teve redução do custo unitário, mas antes uma subida em 3,1%, para 10,68 centavos do real.
Para a totalidade do ano de 2008, o balanço do grupo indica que a receita operacional ascendeu a 6.406 milhões de reais, em alta de 29,7% face a 2007, com crescimentos em 29% no transporte de passageiros, para 5.980 milhões, e de 37,9% no transporte de carga e outros, para 516 milhões.
Os custos operacionais, porém, subiram mais fortemente, em 31,5%, para 6.494,8 milhões de reais, nomeadamente pelo agravamento da factura de fuel em 38,5%, para 2.630,8 milhões.
O resultado operacional passou de 2,44 milhões positivos em 2007 para um prejuízo de 88,6 milhões em 2008.
Os resultados líquidos, nomeadamente pelo impacto de 757,5 milhões em “variações monetárias e cambiais” e 269,27 milhões de “despesas financeiras, passaram de 272,26 milhões positivos em 2007 para um prejuízo de 1.386,97 milhões em 2008.
As estatísticas operacionais para 2008 indicam que a subida de proveitos se deu por um crescimento do tráfego (em RPK) em 11,6%, com um aumento em 8,3% do número de passageiros transportados, para 25,66 milhões, cada um deles pagando em média em 262 reais, quando em 2007 a tarifa média foi de 198.
A subida do tráfego, porém, ficou aquém do incremento de capacidade (em ASK), que foi de 19,7%, levando a uma queda da taxa de ocupação em 4,4 pontos, para 61,6%.
Apesar desta redução, porque a receita por passageiro transportado um quilómetro subiu 15,5%, para 23,27 centavos do real, a receita unitária (por unidade de capacidade) sobe 8,3%, para 15,58 centavos.
Ainda assim menos do que a subida do custo unitário, que aumentou 9,9%, para 15,80 centavos.