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"Alguns que estavam no colo tinham nove, sete ou oito anos", diz sobrevivente de acidente aéreo

FELIPE BÄCHTOLD
da Agência Folha


A Aeronáutica vai investigar se o excesso de peso foi um dos fatores que contribuiu para a queda do avião Bandeirante no rio Manacapuru, na Amazônia, na tarde de sábado (7). O acidente deixou 24 mortos. Quatro pessoas sobreviveram.

A sobrevivente Brenda Dias Moraes, 21, diz que viu várias crianças com cerca de oito anos viajando no colo de outras pessoas no voo. Uma portaria da Anac, de 2000, permite um acréscimo de 30% de passageiros crianças com até dois anos.

Segundo a sobrevivente, o menino de nove anos que sobreviveu só se salvou porque viajava sentado por sobre o irmão, de 23, que também escapou com vida.

"Tinha alguns que estavam [viajando] no colo que tinham nove, sete ou oito anos", disse à Folha ontem. "Tanto que a outra pessoa que conseguiu sobreviver estava com o irmão de nove anos no colo dele."

Brenda viajava sozinha. Servidora municipal em Coari, ela ia a Manaus para participar de sua formatura no curso superior de administração. A jovem diz estar ainda em "estado de choque" com a tragédia.

Ela conta que, após o impacto do avião com a água, chegou a ficar presa na saída de emergência porque outra pessoa tentava sair ao mesmo tempo.

"Quando abri a porta de emergência, o outro passageiro se precipitou e acabou saindo na minha frente. Ficamos os dois presos na porta. Tentei sair, ele tentou. Com isso, a aeronave foi pro fundo e a gente foi sendo puxado também."

O outro passageiro conseguiu se desvencilhar e os dois escaparam. "Quando saí, a aeronave já estava no fundo [do rio]. Subi nadando, com medo, me afastei. Fui para um pedaço do avião que estava boiando. Em menos de cinco minutos chegaram os ribeirinhos e ajudaram a gente."

Na hora da queda, Brenda diz que chegou a perder os sentidos. "Quando acordei, a água já estava na minha cintura. E foi só o tempo de tirar o cinto. Ouvi outro passageiro gritando que era para abrir a porta de emergência. Eu não conseguia enxergar nada, mas eu fui guiada para abrir a porta."

Em poucos segundos, o avião afundou, conta a sobrevivente. Segundo ela, a queda ocorreu cerca de dez minutos após uma das hélices do avião parar de funcionar. Nesse intervalo, conta, diz que percebeu a "agitação do piloto", mas afirma que nenhuma informação foi dada aos passageiros.




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