|

Kyrguistão : Fechamento de base dos EUA é decisão 'final'

Fernando Diniz

O governo do Kyrguistão declarou que não irá voltar atrás em sua decisão de fechar a base aérea norte-americana em seu território, apesar de Washington insistir em que continuam as negociações sobre a instalação.

A base de Manas na antiga república soviética é utilizada para abastecimento de tropas e aeronaves de combate que operam no Afeganistão.

"A decisão está tomada", disse Aibek Sultangaziyev, um porta-voz do governo kyrgyz na ultima sexta-feira.

"A embaixada dos EUA e o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Kyrguistão continuam a trocar opiniões sobre este tema, mas não há discussões sobre a manutenção da base."

Bryan Whitman, um porta-voz do Pentágono, disse na quinta-feira que os EUA ainda estão esperançosos de que a base possa ser mantida em operação.

"Ainda estamos muito empenhados", disse ele.

Oferta russa

Na seqüência do anúncio do fechamento da base no Kyrguistão, a Rússia disse que vai permitir que fornecimentos militares não-letais dos EUA para o Afeganistão atravessem seu território.

Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, disse: "Estamos agora à espera que nossos parceiros americanos enviem um pedido específico, com a quantidade e descrição das mercadorias, e assim que isso for feito vamos emitir as permissões pertinentes,''disse ele.

Estas negociações mostram quão desesperados os EUA e as forças da OTAN estão para encontrar uma via alternativa de abastecimento.

Os americanos tiveram que ir para a Rússia de chapéu na mão e dizer” nós precisamos de sua ajuda “, comenta-se nos meios jornalísticos internacionais. Se este apoio se concretizar a OTAN e os EUA se encontrarão dependentes de um bom relacionamento com a Rússia.

Fontes do Pentágono acrescentam que uma nova rota de abastecimento através da Rússia para o Afeganistão poderia criar um novo alvo para ataques do talibã.

O acordo original entre os EUA e o Kyrguistão dá um prazo de seis meses para o encerramento das operações na base, prazo este que se iniciará imediatamente após o informe oficial do encerramento pelos governos envolvidos no acordo.

O governo do Kyrguistão decidiu apesar das observações do parlamento não votar sobre a proposta até à próxima semana.

A aprovação é vista apenas como uma formalidade, já que a Câmara é controlada por partidários do presidente.

"A questão agora é com o Parlamento que deve cancelar o acordo sobre a base com os Estados Unidos", disse Sultangaziyev.

Kurmanbek Bakiyev, presidente do Kyrguistão anunciou que o fechamento da base nas cercanias da capital Bishkek, foi decidido após acordos com o presidente da Rússia Dmitri Medveded, que teria garantido uma ajuda econômica ao governo kyrguiz de USD 2 bilhões.

No entanto, Igor Chudinov, o primeiro-ministro do Kyrguistão, negou que a decisão esteja ligada ao pacote de ajuda da Rússia.

"As conversações sobre a ajuda russa se arrastam há dois anos, e elas em nada estão relacionadas com a questão da retirada da base aérea americana do Kyrguistão", disse ele.

Ele disse que o governo do Kyrguistão não aprova a forma como a guerra no Afeganistão estava sendo conduzida.

O governo americano considera improvável que a Rússia esteja tentando minar a presença dos EUA na região.

"Certamente não faz qualquer sentido para a Rússia ou qualquer outro país da região tentar minar os esforços internacionais para assegurar a estabilidade na Ásia Central", disse um porta-voz do governo.

"Eles [a Rússia], têm sido muito coerentes nas suas declarações públicas, no passado, sobre apoiar o esforço internacional para levar a estabilidade ao Afeganistão, bem como à região."

Cerca de 30.000 soldados são esperados como reforço no Afeganistão em 2009,de acordo com os planos da administração de Barack Obama, o novo presidente dos EUA, que pretende transferir o seu foco militar para fora do Iraque.

O Tajiquistão, outra nação da Ásia Central, tem oferecido o seu espaço aéreo para o transporte de equipamento não militar da OTAN para o Afeganistão.

"O presidente do Tajiquistão confirmou a sua disponibilidade para oferecer o espaço aéreo do país para o envio de equipamento não-militar da NATO para o Afeganistão", disse Tracey Ann Jacobson, embaixador dos EUA em Dushanbe.

"Esta necessidade surgiu após a tomada da decisão de aumentar o número de tropas no Afeganistão."




◄ Share this news!

Bookmark and Share

Advertisement







The Manhattan Reporter

Recently Added

Recently Commented