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Empresa dona de avião acidentado em Manaus foi denunciada por pilotos

Publicada em 10/02/2009 às 23h43m
Paula Litaiff - Especial para O GLOBO


MANAUS - A empresa Manaus Aerotáxi, dona do avião Bandeirante que caiu sábado no Rio Manacapuru, matando 24 pessoas, havia sido denunciada por pilotos do Amazonas, ano passado, por não fazer a manutenção periódica de seus aviões e por obrigar os comandantes das aeronaves a transportar mais passageiros que a capacidade permitida. A informação é do presidente do Sindicato dos Aeroviários do Amazonas (Sindamazon), Jorge Negreiros.

De acordo com o registro da aeronave na Agência Nacional de Avião (Anac), o Bandeirante tinha capacidade para 19 pessoas, mas, no dia do acidente, transportava 28 pessoas. Os quatro sobreviventes afirmaram, em depoimentos à Polícia Civil, que sete crianças com idade entre 3 e 12 anos viajavam sentadas no colo dos pais. A Anac estabelece que crianças acima de 2 anos devem ter direito a assento próprio.

Negreiros informou que o próprio comandante da aeronave, César Grieger, morto no acidente, denunciou a empresa por voar com sobrepeso, em agosto de 2008:

- Não foi só ele (Grieger) que denunciou a Manaus Aerotáxi. Outros pilotos que trabalham ou trabalharam para ela também afirmaram isso.

Por mês, segundo Negreiros, o Sindamazon registra cerca de 300 denúncias de irregularidades contra empresas de pequeno e médio porte que fazem táxi aéreo no Amazonas e outros estados do Norte. Ele disse que as denúncias foram registradas no Ministério Público e na Agência Nacional de Aviação Civil, em Brasília, em outubro de 2008.

A Anac afirmou que a responsabilidade pela lotação de passageiros é do comandante do avião. Mas o presidente do Sindicato dos Aeroviários disse que, na prática, quem decide o número de passageiros são os proprietários do avião.

- Na teoria da Anac, é o piloto quem se responsabiliza pelo número de passageiros. Mas a realidade é outra. Existem muitas negociações por fora, e ninguém fiscaliza a saída dos aviões - denunciou Negreiros.

Cenipa está investigando acidente

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica (Cenipa), de Brasília, investiga se o acidente com o avião Bandeirante foi provocado por excesso de peso. Um documento importante, preenchido pelos pilotos, está desaparecido. Ele teria as informações sobre o peso da carga que o avião levava. A informação foi confirmada pela Manaus Aerotáxi.

Anac apura condições de segurança da Manaus Aerotáxi

Em nota divulgada nesta segunda-feira, a Anac informa que está abrindo processo administrativo para averiguar as condições de segurança operacional da empresa Manaus Aerotáxi. De acordo com o órgão, "o prazo para terminar o processo pode variar de 1 a 6 meses, dependendo das dificuldades encontradas na averiguação". A investigação será paralela à do Cenipa.

Segundo a Anac, a investigação vai checar se a empresa cumpriu todos os procedimentos de segurança para fretar seus aviões.

O Bandeirante partiu de Coari na tarde de sábado com destino ao Aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus. Já estava a aproximadamente 20 minutos de chegar ao destino quando o piloto do avião chamou a torre de controle e avisou que iria voltar para Coari. Segundo a Aeronáutica, o piloto não explicou o motivo e nem mencionou uma suposta chuva forte naquele instante. Antes dos esclarecimentos, a comunicação foi interrompida e o Bandeirante sumiu dos radares.




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