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Brasil vai ceder helicópteros militares à Bolívia

RODRIGO VARGAS
da Agência Folha, em Arroyo Concepción (Bolívia)
FABIANO MAISONNAVE
enviado especial da Folha de S.Paulo a Maracaibo (Venezuela)




O governo brasileiro vai ceder quatro helicópteros militares à Bolívia para reforçar as ações de fiscalização e combate ao narcotráfico na fronteira. Segundo o Ministério da Defesa, as aeronaves, usadas, serão submetidas à revisão e entregues sem custo ao governo boliviano, que se encarregará da manutenção dos aparelhos.

Em discurso ontem na localidade de Arroyo Concepción, na Bolívia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os dois países estão "aprofundando a cooperação nas áreas policial e de defesa".

"Em atenção ao pedido do presidente Evo Morales, o Brasil se dispõe a ceder helicópteros para reforçar o controle e proteção de nossas fronteiras."

O presidente Evo Morales agradeceu a ajuda brasileira e disse que não aceitará nenhuma base militar estrangeira na Bolívia. "O nosso objetivo é regionalizar a luta contra o narcotráfico", disse Morales.

Os helicópteros brasileiros foram cedidos inicialmente até dezembro deste ano, com possibilidade de renovação.

Apesar de os dois presidentes terem falado apenas em combate ao narcotráfico, os helicópteros brasileiros também devem ser usados para transporte de autoridades, segundo a Folha apurou. Eles substituirão aeronaves venezuelanas também emprestadas a La Paz, mas tidas como pouco confiáveis. Em julho, um Super Puma cedido pelo governo Hugo Chávez caiu horas depois de ter transportado Morales. Todos os cinco tripulantes morreram.

O acordo faz parte do recente pedido de ajuda da Bolívia ao Brasil na área do narcotráfico depois que Morales expulsou a DEA, a agência norte-americana de combate ao narcotráfico.

Com a saída da DEA, a Bolívia deve perder toda a ajuda norte-americana, o que representa US$ 28 milhões anuais para financiar ações policiais (90% do orçamento total) e dez helicópteros cedidos, entre outras formas de ajuda.

O Brasil é o principal consumidor da cocaína da Bolívia. Segundo dados oficiais, ao menos 65% da droga produzida lá tem como destino as ruas brasileiras, principalmente São Paulo. Por outro lado, menos de 1% chega ao território norte-americano, abastecido principalmente pela Colômbia.




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