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Brasil - Lula: corte na Embraer é pior capítulo da crise

Publicada em 20/02/2009 às 23h46m
O Globo


BRASÍLIA, RIO, SÃO PAULO e LONDRES - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou, em uma avaliação reservada, que a demissão em massa na Embraer escreve o pior capítulo dos efeitos da crise financeira internacional no Brasil. Isso porque, revela reportagem do Globo, para o presidente, o episódio cristalizou, de um lado, que a turbulência não é "marolinha" e já contaminou a economia real; de outro, aponta o desemprego como principal ônus da crise no mercado doméstico. O fechamento de quase 800 mil postos de trabalho nos últimos três meses também reforçou essa imagem: a de que vivemos "a hora do facão", como expressou um auxiliar de Lula. Na última quinta-feira, a Embraer anunciou 4,2 mil demissões, o equivalente a 20% de sua força de trabalho .

Lula reafirmou na sexta-feira estar indignado e que pretende se reunir coma direção da Embraer na semana que vem. Há forte desconforto no núcleo do Palácio do Planalto com a direção das grandes empresas que anunciaram cortes de pessoal. Lula tem dito que as companhias têm sido precipitadas e vão pagar um preço alto por isso.O presidente avaliou ainda que a Embraer jogou pesado ao não construir uma mediação antecipada com o governo e não tentar uma solução intermediária. Lula acha que agora está tarde para construir uma solução de curto prazo.

Nos próximos dias, diretores do BNDES e da Embraer vão se reunir para discutir a situação da fabricante. Desde 1997, o banco desembolsou R$ 8,39 bilhões para financiar a expansão da empresa no mercado internacional. Em 2008, foram R$ 542,3 milhões. O banco não comentou as demissões, mas informou que não existem nos contratos com a fabricante cláusulas que obriguem a manutenção dos empregos.

O Ministério Público do Trabalho em São José dos Campos (SP) convocou a direção da Embraer para explicar as 4,2 mil demissões. Uma audiência de mediação, que terá ainda a presença de representantes dos funcionários, foi marcada para o próximo dia 2. Se entender que as dispensas foram feitas de forma injustificada, o MP poderá pedir à Justiça a reintegração de todos os empregados.

Clima de comoção

As mais de 4.200 demissões anunciadas pela Embraer mudou a vida de muitos trabalhadores. Em clima de comoção, vários se reuniram sexta-feira no Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos para tentar entender o que estava acontecendo. Dos demitidos pela empresa, 2.443 moram em São José dos Campos, onde fica a sede da empresa.




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