Tucanos evitam criticar Yeda por compra de jato

Publicada em 15/01/2009 às 23h41m
O Globo

PORTO ALEGRE - Quatro anos depois de criticar duramente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela compra do Airbus presidencial, integrantes do comando do PSDB se esquivaram nesta quinta-feira de comentar a decisão da governadora do Rio Grande do Sul, a tucana Yeda Crusius, de também adquirir um jato para voos internacionais.

Nos Estados Unidos, o presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra (PE), foi informado sobre o anúncio de Yeda e disse apenas:

" Nós criticamos Lula não por comprar o avião, mas o Aerolula, a luxuosidade. O governo federal tem a Embraer "

- Vou conversar com ela. Se ela quer comprar, deve ter seus motivos.

O senador Álvaro Dias (PR) preferiu não comentar a decisão da governadora por considerar "falta de ética um comentário sobre um ato administrativo do Rio Grande do Sul":

- Nós criticamos Lula não por comprar o avião, mas o Aerolula, a luxuosidade. O governo federal tem a Embraer.

O senador tucano Arthur Virgílio (AM), que também está nos Estados Unidos, reconheceu que o "Rio Grande do Sul está numa situação difícil", mas disse que não vê motivo para "escandalismo":

- É um aparelho útil. Não é um escandalismo.

Apesar de o secretário da Fazenda do governo Yeda, Ricardo Englert, dizer que há recursos na previsão de investimentos no Orçamento do estado para a aquisição do jato, o anúncio da compra de uma aeronave é alvo de críticas entre servidores, na oposição e até mesmo na base aliada.
Momento não é bom, diz deputado aliado

O modelo que o governo Yeda pretende comprar é um jato executivo que custa, segundo a Casa Militar, entre US$ 8 milhões e US$ 26 milhões.

Ex-chefe da Casa Civil, o deputado Fernando Záchia reconheceu a necessidade da governadora de comprar um novo avião, mas ponderou que o período é inoportuno.

Integrante da base aliada, o deputado Cassiá Carpes (PTB) considerou "lamentável" a decisão da governadora:

" O momento não é bom para um tipo de investimento dessa natureza quando se tem outras prioridades "

- O momento não é bom para um tipo de investimento dessa natureza quando se tem outras prioridades. Pegou todo mundo no contrapé.

A relação custo-benefício é o maior problema, aponta o líder da bancada do PT, deputado Raul Pont (PT):

- Avião muito caro, pilotagem e manutenção idem para viajar uma vez por ano. É completamente antieconômico do ponto de vista da racionalidade.

O deputado Adão Villaverde (PT) diz que o assunto deve ser discutido na Assembleia:

- Vou propor que nós examinemos a opinião de que esse é o momento inapropriado para a compra do avião.