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Resenha: Mirage III na Força Aérea Brasileira, de Paulo Kasseb

Escrito por T&D
Livro traz informações completas e abrangentes sobre a aeronave que equipa a FAB


Mirage III EBR-DBR na Força Aérea Brasileira - FAB (in the Brasilian Air Force)



De uns tempos para cá, o público leitor brasileiro, particularmente aquele entusiasta de assuntos militares, vem sendo brindado com uma série de livros independentes, ou seja, não oficiais, que tratam de diversos aspectos das Forças Armadas nacionais, um tema por muito tempo negligenciado; nem tanto por falta de vontade, mas por falta de patrocínio. Isso, no entanto, está se modificando, aos poucos, e para melhor. Algumas editoras têm lançado títulos interessantes, escritos por gente muito competente.

Esse é o caso de mais uma obra, focalizando o primeiro caça supersônico a entrar em serviço na Força Aérea Brasileira (FAB), o Mirage III EBR/DBR, de Paulo Fernando Kasseb, um nome que dispensa maiores apresentações.

O trabalho (com versão para a língua inglesa) tem início com um histórico sobre as ligações entre Brasil e França, em termos de aviação, desde os tempos da Primeira Guerra Mundial quando, logo ao findar o conflito, o Brasil passou a operar aviões de origem francesa, com os primeiros caças Spad, aviões de treinamento e outros.

Ao contrário do que se pode pensar, a vinda dos supersônicos Mirage para a FAB não foi somente uma compra visando atualizar os meios de combate da instituição. Junto com o primeiro interceptador supersônico, todo um “pacote” de conhecimentos sobre defesa aérea, controle de tráfego aéreo, manutenção e gerência e conhecimentos sobre as modernas formas de combate foram absorvidas pela aviação militar e civil brasileiras.

Não fosse aquele momento crucial e a visão de futuro do então ministro da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcio de Souza e Mello, o País não teria entrado na era do supersônico e na modernidade em termos de controle de espaço aéreo.

Tudo isso é mostrado no livro de Kasseb como conseqüência de um grande trabalho proveniente de negativas dos Estados Unidos da América em fornecer tal tecnologia quando da necessidade de aquisição, pela FAB, de aviões modernos.

O trabalho relata ainda com clareza que, sempre que a aviação militar do Brasil obteve uma negativa dentro do hemisfério para sua modernização, buscou, com independência, uma opção européia, mostrando que a Segurança Nacional não poderia ficar mercê de vontades ou cerceamentos de qualquer potência. O livro não trata somente das questões tecnológicas dos Mirage III EBR, mas também traz à baila os procedimentos do governo brasileiro frente a problemas de reequipamento da FAB, porém mais especificamente como no caso dos aviões franceses, buscou conjuntamente trazer muito mais do que um conceito de interceptação aérea.

O sistema de proteção ao vôo, controle de espaço aéreo (civil e militar), procedimentos de interceptação, e principalmente a garantia de que o espaço aéreo do Brasil possa ser defendido de possíveis agressões externas é relatada buscando sempre uma forma didática, mostrando questionamentos de época, como as inconstâncias políticas dos anos de 1960, durante a Guerra Fria, onde as fronteiras teriam obrigatoriamente uma defesa armada. As questões de política externa, as pretensões do Brasil em elaborar um Comando de Interceptação, a construção da Base Aérea de Anápolis com características únicas para operar os supersônicos Mirage III EBR, o envio de pessoal para treinar na França, procedimentos e análises diversas e as operações realizadas nos 36 anos de serviço ativo do caça na FAB, são tópicos narrados no livro.

É claro que nada disso chamaria a atenção sem farta ilustração. Gilson Marôco – um dos mais renomados desenhistas de aviação – confeccionou mais de 40 desenhos com os quais é possível conhecer, em detalhes, plantas em três vistas coloridas, símbolos da unidade operacional dos Mirage da FAB, desenhos laterais coloridos sobre as diversas formas de pinturas recebidas pelos aviões durante seu período de utilização e detalhes à cores dos letterings, avisos externos e uniforme de pilotos.

Um farto material fotográfico também faz parte do livro, com dezenas de fotografias a cores de detalhes, aviões em vôo, durante manutenção e em operações, armamento, municiamento, fotos dos mísseis empregados, abordando os Piranha, de fabricação nacional. As fotos, muitas inéditas, foram fornecidas pela própria FAB e pelos fotógrafos Leandro Maldonado e M. Donati.

O livro também mostra a relação dos Mirage brasileiros com a mídia. Propagandas oficiais de época, da imprensa em geral, literatura a respeito e material impresso sobre o assunto, bem como, a exploração do “visual” dos “caças com asas em delta” em filmes de divulgação. O trabalho de Paulo Fernando Kasseb, com certeza, traz muito de ineditismo em suas 124 páginas ( incluindo as capas), está escrito em português e inglês e foi editado pela ZLC Comunicação e Marketing Ltda., de Guarulhos (SP). O preço do exemplar é de R$ 69,90 e sua aquisição pode ser feita em livrarias ou através dos telefones (11) 2425-3370 ou 2425-2998, ou pelo e-mail: zlc@zlccomunicação.com.br.


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