Jato particular? Melhor esconder
A Starbucks, uma das maiores redes de cafeteria do mundo, recebeu um Gulfstream 550 avaliado em US$ 45 milhões.
A rigor, essa notícia não ganharia mais do que o rodapé de alguma publicação especializada em aviação executiva. Mas, em tempos de crise econômica, o anúncio da aterrissagem de um jato no hangar da Starbucks teve gosto de café amargo para muitos dos funcionários da empresa, para os acionistas e, principalmente, para a opinião pública.
Bastou a empresa dizer que tinha comprado um jatinho novo em folha para que alguns veículos de comunicação dos Estados Unidos criticassem a companhia comandada por Howard Schultz. Não que a empresa não tenha direito de comprar um novo avião para transportar seus executivos de primeiro escalão, mas, ao mesmo tempo que adquiriu uma das aeronaves mais luxuosas do mundo, ela fechou mais de 600 lojas e cortou milhares de empregos no ano passado.
O porta-voz da empresa, Deb Trevino, defendeu a Starbucks dizendo que o Gulfstream 550 já havia sido encomendado há três anos, antes da crise, e que não tinha como cancelar o pedido. Ela ainda disse ao jornal Seattle Times que, desde 2007, os executivos que usam os aviões em viagens pessoais reembolsam a empresa. O próprio Schultz, afirma ela, devolveu US$ 400,9 mil aos cofres da companhia.
O que está em questão, entretanto, não é isso.
Por mais que a empresa seja reembolsada nessas ocasiões, o fato de comprar mais um avião em tempos nebulosos - ela possui mais dois jatos executivos, um Bombardier com cinco anos de uso e outro Gulfstream V com sete anos de operação - foi visto como desaforo.
A indústria da aviação defende que o jato não é luxo, apenas uma ferramenta de trabalho para quem precisa se deslocar por todo o país ou pelo mundo visitando as outras operações.