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Brasil e França assinam acordo na área de defesa de 8,6 bilhões de euros

Publicada em 23/12/2008 às 15h52m
Reuters e EFE




Sarkozy e Lula assinaram acordos nesta terça-feira

RIO - O Brasil e a França assinaram nesta terça-feira acordos na área de defesa no valor de 8,6 bilhões de euros (cerca de US$ 12 bilhões ou R$ 28,38 bilhões), que incluem a transferência de tecnologia para que o Brasil possa desenvolver sua própria indústria bélica. O acordo está entre os cerca de dez tratados assinados hoje pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, que encerra um visita de dos dias ao Rio de Janeiro na terça-feira.

Sob o acordo, o Brasil comprará 50 helicópteros EC725 construídos localmente pela Helibras, subsidiária da Eurocopter no Brasil. A Eurocopter, por sua vez, é subsidiária do grupo europeu EADS. Os helicópteros, cujo valor é estimado em 1,9 bilhão de euros, devem ser entregues a partir de 2010.

A França também vai fornecer ao Brasil a tecnologia para construir quatro submarinos convencionais, no valor de 4,1 bilhões de euros, além do primeiro submarino nuclear do país. Os acordos permitirão ainda ao Brasil construir um estaleiro militar e uma base naval com tecnologia francesa.

Do total de 8,6 bilhões de euros, 6 bilhões irão para empresas francesas e 2,6 bilhões para empresas brasileiras, segundo uma fonte da delegação francesa.

Um dos submarinos construídos no Brasil por empresas francesas contará com propulsão nuclear, mas esta tecnologia não será oferecida pela França, mas pela Marinha de Guerra brasileira.

Os dois líderes também assinaram um plano de ação para guiar essa associação, assim como acordos na área espacial, para a promoção do desenvolvimento sustentável na Amazônia, o combate à exploração ilegal de ouro nesta região e programas de ensino profissionalizante.

" Se a França aceita transferir a tecnologia militar é porque estamos conscientes de que o Brasil tem um grande potencial para promover a paz e a segurança, assim como tem um grande potencial econômico e político "

Também foi assinado um convênio de cooperação na área nuclear e outro pelo qual os dois países criarão um centro de estudos sobre a biodiversidade, com o qual pretendem aproveitar as potencialidades da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo e que compartilham graças à Guiana Francesa, território ultramarino da França.

Segundo Lula, o Brasil optou pela firma dos acordos militares com a França porque o país europeu "não só ofereceu os equipamentos em venda, mas também se comprometeu a construí-los no país e a transferir a tecnologia".

- Se a França aceita transferir a tecnologia militar é porque estamos conscientes de que o Brasil tem um grande potencial para promover a paz e a segurança, assim como tem um grande potencial econômico e político - disse Sarkozy.

Lula afirmou que o acordo representa uma ruptura, que reflete o status do Brasil como potência emergente.

- A França está disposta a...construir uma aliança no Brasil, a transferir tecnologia para que o Brasil possa ter uma indústria de defesa que corresponda à sua importância no hemisfério, no mundo - disse Lula durante a coletiva.

Estaleiro será construído no Rio

O principal dos acordos é o que permitirá ao Brasil construir cinco submarinos convencionais do tipo Scorpene, um dos quais terão armamento convencional, mas contará com propulsão nuclear.

A França ajudará o Brasil a adaptar o reator nuclear no casco de seu submarino, mas o desenvolvimento da tecnologia será de responsabilidade da Marinha brasileira, que há anos tem um projeto para construir um submarino nuclear.

Os acordos também prevêem assistência francesa para a "concepção e construção de um estaleiro de fabricação e manutenção desses submarinos, e de uma base naval capaz de abrigá-los".

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que a França financiará a instalação de uma unidade do estaleiro privado DCNS em um porto do Rio de Janeiro, no qual serão construídas as embarcações.

Os 50 helicópteros, que serão fornecidos pela empresa Eurocopter, serão construídos em conjunto com a indústria brasileira.

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As aeronaves serão fabricadas pela Helibras, uma subsidiária da empresa francesa Eurocopter com unidade em Minas Gerais e que produzia, principalmente, aparelhos civis.

Além da transferência de tecnologia francesa para a produção dos helicópteros, o acordo também prevê que as partes das aeronaves sejam oferecidas por empresas brasileiras.

No plano de ação assinado hoje, os dois presidentes também asseguram que a cooperação militar poderá ser estendida para modernizar o Exército brasileiro, o desenvolvimento de um veículo terrestre sem piloto, a digitalização dos campos de operações e o desenvolvimento de uma rede de vigilância territorial.

Sarkozy acrescentou que a França também pretende oferecer os cerca de 30 caças militares que o Brasil pretende comprar.

No ano passado, o Brasil destinou 880 milhões de dólares para completar um reator nuclear para o submarino.

O governo Lula apresentou um novo plano de defesa estratégica na semana passada, que muda o foco de seu Exército para a proteção da Amazônia e suas recém-descobertas reservas de petróleo marítimas.


O Globo

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